CULTIVO DE CACAU NO BRASIL: PASSADO, PRESENTE E PERSPECTIVAS FUTURAS.

Nos últimos anos, o Brasil tem aumentado sua produção de cacau, consolidando sua posição como um dos principais produtores mundiais, ocupando a posição de sétimo maior produtor mundial.  A maior receita é obtida com as exportações de manteiga, gordura e óleo de cacau (preço médio de US$ 6,10/kg) e há também um nicho de mercado mundial, de maior valor agregado, que é o de cacaus finos. Em setembro de 2019, o Brasil foi reconhecido pela Organização Internacional do Cacau (OIC) como País exportador de 100% de cacau fino e de aroma, identificado por apresentar sabores diferenciados.

Tradicionalmente, as plantações de cacau são predominantes nas regiões setentrionais do Brasil, abrangendo o Norte e o Nordeste. No Sudeste, a maior concentração de produção é encontrada no norte do Espírito Santo e no norte de Minas Gerais. Essas áreas, em conjunto com o Nordeste, compõem a região de atuação do Banco do Nordeste (BNB), que é a principal região produtora de cacau no país (tratando-se de áreas colhidas). A Bahia é o único estado produtor da Região Nordeste e representa 69,7% da área colhida nacional, porém é o Norte que detém a maior produção nacional de cacau, com participação de apenas 27% de áreas colhidas. Na região Norte, destaca-se o estado do Pará como sendo a maior produtor do país (em toneladas).

Por muitas décadas, a Bahia foi reconhecida como uma área líder na produção de cacau. No entanto, a partir de 1990, começou a ocorrer uma queda significativa tanto na área de cultivo (-24,7%) quanto na produção (-62,1%). Essa queda foi atribuída a diversos fatores, como principalmente internos à região: crise severa nas produções devido a infestações das doenças vassoura-de-bruxa e podridão parda, períodos de estiagem, perda de capital e aumento do endividamento dos produtores de cacau, falta de modernização nas práticas de produção, e falências de empresas industriais e comerciais.

Apesar dos desafios enfrentados, tanto a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC) quanto o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) persistem em seus esforços. Eles não apenas buscam revitalizar a indústria do cacau na Bahia, mas também promover sua expansão para outros estados. Seu objetivo não se limita apenas a resolver os problemas do passado, mas também a tornar o Brasil autossuficiente na produção de cacau, visto que a produção nacional não tem suprido as necessidades internas e o número de importações superam o de exportações.

Dados recentes da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), demonstra que o ano de 2023 registrou crescimento de 7% no volume recebido de amêndoas nacionais, pela indústria processadora de cacau, em contraste com o ano de 2022. A indústria processou quase 12% a mais de amêndoas, na comparação com 2022,  sendo o melhor número dos últimos cinco anos. Estes números comprovam o fortalecimento da cadeia produtiva, reflexo dos diversos investimentos que estão sendo realizados por diferentes atores da cadeia, com foco na melhoria da produtividade e nas novas áreas produtivas.

 

Referências:

AIPC. Recebimento de cacau cresce em 2023 e é 7% maior que o do ano anterior. Publicado em 14 de janeiro de 2024. Disponível em: <https://aipc.com.br/recebimento-de-cacau-cresce-em-2023-e-e-7-maior-que-o-do-ano-anterior/>

Brainer, M. S. C. P; Produção de Cacau. Caderno Setorial ETENE. Banco do Nordeste. n. 149, 2021.