A diagnose foliar é a análise de tecidos vegetais em que é possível avaliar o estado nutricional de uma cultura em determinado estágio de desenvolvimento. A análise química foliar indica o que a planta conseguiu absorver de nutrientes do solo, portanto, por meio dela é possível avaliar a fertilidade do solo e a forma que os nutrientes estão sendo disponibilizados e aproveitados. A deficiência de nutrientes ocasiona desbalanço nutricional na cultura, desencadeando distúrbios fisiológicos, bioquímicos e metabólicos, com consequente perda de produtividade e qualidade.
A baixa disponibilidade de nutrientes no solo pode ser devido aos erros de amostragem do solo, de método analítico e/ou de cálculo de corretivo e fertilizantes. Assim, a diagnose foliar pode facilitar os ajustes nas doses de fertilizantes aplicados em cobertura ou foliar. Portanto, o objetivo é reduzir as perdas de rendimento de grãos e matéria seca das culturas devido à falta de nutrientes no solo, dessa forma, maximizando o potencial produtivo da cultura.
USOS DA DIAGNOSE FOLIAR
Para a avaliação do estado nutricional das culturas, a diagnose foliar pode auxiliar a:
1. Caracterizar deficiências nutricionais e identificar a “fome escondida”, principalmente quando dois ou mais nutrientes estão em baixa concentração nas plantas;
2. Realizar o levantamento do estado nutricional das plantas e evitar futuros problemas nutricionais para as próximas safras ou ainda na cultura em desenvolvimento;
3. Identificar interações positivas ou negativas entre íons e evitar futuros problemas nutricionais, podendo realizar a exclusão de certas aplicações foliares;
4. Identificar as relações entre estado nutricional da cultura com pragas e doenças e evitar esses problemas;
5. Estabelecer fertilizantes mais adequados levando em consideração suas características físicas e químicas e o estado nutricional da cultura.
AMOSTRAGEM DE PLANTAS PARA DIAGNOSE FOLIAR
A amostragem para diagnose foliar varia conforme a cultura. Deve-se atentar à parte da planta mais indicada para coleta das amostras e a época de desenvolvimento da cultura mais adequado para a análise, objetivando alcançar o período de máxima demanda de nutrientes, que é a ocasião mais propícia a ocorrer a deficiência.
De acordo com Malavolta et al. (1997), para o procedimento de coleta de amostras de material vegetal deve-se seguir as seguintes orientações:
– Fazer a divisão da área em talhões homogêneos, com as mesmas características de variedade, tempo de cultivo, espaçamento, solo e manejo.
– Fazer coleta em ziguezague, retirando a folha indicada de acordo com a cultura.
– Realizar a coleta entre 7h e 11h (últimas 24h sem chuva).
– Coletar pelo menos 25 plantas em cada talhão.
– Acondicionar as amostras em sacos limpos.
– Identificar as amostras: espécie, talhão, tempo de cultivo, data da coleta, local, proprietário, manejo.
*As amostras devem ser enviadas imediatamente ao laboratório ou realizar a pré-secagem para envio. Caso seja um local muito distante, é possível deixar secando ao sol em local limpo por 1 a 3 dias, recolhendo-as ao anoitecer.
*Realizar a amostragem apenas após, no mínimo, 30 dias da aplicação de adubação foliar ou pulverizações com defensivos.
*Não fazer amostragem nas bordaduras dos talhões.
Na tabela a seguir é possível conferir como realizar a coleta para a diagnose foliar relacionada às principais culturas produtoras de grãos e de matéria seca. O protocolo de amostragem para diagnose foliar foi retirado de Malavolta et al. (1997):
CULTURA | QUANTIDADE (folhas/gleba) | LOCALIZAÇÃO FOLHAS |
Trigo (Triticum aestivum) | 30 | Entre a 1ª e a 4ª folha a partir da ponta no início do florescimento. |
Milho (Zea mays) | 30 | Limbo foliar (terço médio das folhas) abaixo e oposta à espiga no início do florescimento (quando aparece o “cabelo do milho”). |
Soja (Glycine max) | 30 | 3º e o 4º trifólio a partir da ponta, da haste principal, com pecíolo, no início do florescimento. |
Gramíneas forrageiras | 15 | Apenas a parte aérea durante a primavera-verão. |
Leguminosas forrageiras | 30 | Folhas recém maduras no início do florescimento (primavera-verão). |
*Além disso, para as plantas forrageiras deve-se tomar o cuidado de não cortar rente ao solo, deixando de 5 a 10 cm de altura, visando simular o pastejo animal.
Como você pode observar neste texto, a diagnose foliar é uma ótima ferramenta para a avaliação da fertilidade do solo e para evitar perdas de rendimento das culturas devido ao desajuste nutricional.
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Referência
MALAVOLTA, E.; VITTI, G.C.; OLIVEIRA, S.A. Avaliação do estado nutricional das plantas: princípios e aplicações. 2.ed. Piracicaba: Potafos, 1997. 319p.