Você vê o solo de sua propriedade como um material sem vida ou com vida?
Você sabia que o solo pode ser considerado um patrimônio?
Afinal, o que tem no solo de tão valioso?
Primeiramente, vamos entender o que é o solo:
“O solo é o corpo natural da superfície terrestre, constituído de materiais minerais e orgânicos resultantes das interações dos fatores de formação (clima, organismos vivos, material de origem e relevo) através do tempo, contendo matéria viva e em parte modificado pela ação humana, capaz de sustentar plantas, de reter água, de armazenar e transformar resíduos e suportar edificações.”
Como podemos ver apenas por esse conceito, o solo é um sistema complexo, formado por minerais, matéria orgânica, ar, água, micro e macrorganismos. Ele está em processo constante de transformação. O solo dá suporte à vida e, em consequência, é a base de todos os sistemas de produção vegetal e pecuária para fornecimento à sociedade de alimentos, medicamentos, fibras, madeira e combustíveis.
A formação do solo
Para a formação do solo, partículas (minerais e orgânicas) vão sendo depositadas em camadas (horizontes) devido à ação da chuva, do vento, do calor, do frio e de organismos (fungos, bactérias, minhocas, formigas e cupins) que vão desgastando as rochas de forma lenta no relevo da terra. Para que você tenha ideia de como esse processo é lento, saiba que são necessários cerca de 400 anos para se formar 1 centímetro de solo.
O solo é um patrimônio
O solo é um patrimônio e seu valor depende da sua capacidade de oferecer um ambiente mais ou menos propício para o desenvolvimento das plantas. Visto a olho nu, o solo parece um corpo inerte e sem vida. Nada, no entanto, é mais vivo do que um solo fértil. Em um punhado de solo há milhões de seres vivos que são invisíveis a olho nu, mas que possuem papel fundamental para todo o sistema.
Esses organismos são muito importantes nos processos biológicos, físicos e químicos do sistema solo-planta. As formas de vida ali presentes contribuem uma com a outra e são dependentes entre si.
- As bactérias capturam nitrogênio do ar e deixam em forma disponível para as plantas, ajudam na decomposição da matéria orgânica e na ciclagem de nutrientes;
- Os fungos contribuem no crescimento das plantas, proporcionando aumento de absorção do fósforo e outros elementos, de água e nitrogênio;
- Os protozoários controlam a quantidade de bactérias;
- As minhocas fazem um “arado natural” e ajudam a decompor material orgânico, ajudando a disponibilizar nutrientes para as plantas.
Ou seja, os microrganismos do solo são agentes de transformação química dos nutrientes, tornando-os disponíveis para a absorção pelas raízes das plantas. No solo ocorrem a ciclagem e o armazenamento de nutrientes necessários ao desenvolvimento das plantas. Ele também é um imenso reservatório de água, sendo fundamental no processo de abastecimento do lençol freático e de aquíferos. Além disso, o solo exerce a função de filtro de água, liberando-a com boa qualidade para os corpos de água superficiais e subterrâneos, garantindo a vida.
O solo como estoque de carbono
O estoque de carbono no solo é mais de duas vezes superior ao da atmosfera e também duas vezes superior ao contido na vegetação, sendo considerado o maior reservatório de carbono do nosso ecossistema. O carbono armazenado é proveniente da mineralização do carbono orgânico e, assim sendo, contribui com a regulação da composição dos gases da atmosfera.
A importância de práticas de conservação do solo
A degradação do solo acarreta perdas de elementos nutricionais, de biodiversidade e de carbono estocado, que resulta em emissão de gases de efeito estufa para a atmosfera. Para manter a qualidade do solo é necessário utilizar sistemas de uso do solo que sempre tenham plantas em crescimento, como pastagem permanente; sucessão de sistemas de culturas, de preferência consórcios, sem lacunas entre safras e sistemas integrados de produção. A saúde do solo e a sua fertilidade possuem impacto direto sobre o conteúdo de nutrientes das nossas culturas alimentares, o que afeta tanto a quantidade quanto a qualidade dos alimentos.
Além disso, a vida no solo só é possível onde há disponibilidade de ar, água e nutrientes. Um solo com organismos vivos indica um solo bem estruturado. É necessário trabalhar em parceria com a natureza, por meio de soluções e utilização de tecnologias para chegarmos perto do equilíbrio do meio. Logo, aumentar a qualidade do solo, favorecer a sua atividade natural, aumentar os estoques de carbono e promover o equilíbrio físico-químico da rizosfera (região do solo influenciada pelas raízes) são estratégias fundamentais para favorecer a dinâmica do sistema vivo e complexo – e tão importante para os agricultores – chamado SOLO.