SUBSTÂNCIAS HÚMICAS: PROMOTORAS DE RESISTÊNCIA CONTRA AS PRAGAS AGRÍCOLAS.

Para adentrarmos neste tema, de como as substâncias húmicas são capazes de gerar resistência nas plantas contra as pragas, precisamos entender sobre a teoria da trofobiose:

A teoria da trofobiose foi elaborada e comprovada pelo biólogo francês Francis Chaboussou e é considerada um dos “pilares” da Agricultura Biológica. Chaboussou conseguiu comprovar através de suas pesquisas que a suscetibilidade das plantas ao ataque de pragas e doenças se dá em função dos seus fatores nutricionais. Mais especificamente, é em função dos elementos solúveis presentes nos vacúolos das células, principalmente teores de aminoácidos livre e açucares redutores. Assim sendo, uma planta ou parte dela só será atacada por um agressor, seja ele um inseto, ácaro, nematóide ou micro-organismos quando estiver presente em sua seiva exatamente o alimento que ele necessita.

Os agressores possuem baixa variedade de enzimas digestivas, então não conseguem aproveitar por completo moléculas maiores como as proteínas. Com isso, eles têm preferência por moléculas mais simples como os aminoácidos e açucares, que estão mais solúveis e são assimiladas mais rápido, fornecendo a energia alimentar de maneira facilitada.

As proteínas, moléculas mais complexas, são formadas por junção de aminoácidos (processo denominado proteossíntese) e para que estes se juntem e formem-nas, são necessários enzimas ligantes (que atuam como um “cimento”). Quando ocorrem desequilíbrios na planta, como uma nutrição inadequada, há interferência no processo de junção dos aminoácidos, pois as enzimas da planta deixam de cumprir seu papel de “cimento” e os aminoácidos são liberados, gerando assim substâncias simples que servirão de alimento para as pragas (figura 1).

 

Figura 1: Representação do processo de desmanche de proteínas.

 

É o processo de proteossíntese que as substâncias húmicas favorece. A matéria orgânica humificada do solo melhora as propriedades físicas, química e biológicas do solo, permitindo que as raízes desenvolvam-se mais, liberando elementos minerais e favorecendo maior atividade microbiana. As substâncias húmicas também provocam maior emissão radicular e aumenta a capacidade de absorção dos nutrientes pelas raízes, melhorando a eficiência de entrada dos nutrientes na planta. Assim as substâncias húmicas ajudam a planta a atingir um estado nutricional mais equilibrado, pela melhora do ambiente em que ela está e pela melhora da sua capacidade de absorção dos nutrientes.

Trabalhos realizados em parceria com a SoloHumics para indução de resistência contra insetos pragas obteve resultados satisfatórios:

 

  • Milho: Plantas tratadas com SoloHumics® obtiveram 18% a mais de mortalidade da lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda). As fêmeas da cigarrinha tiveram preferência para depositar seus ovos em plantas controle do que em plantas que receberam SoloHumics®, havendo uma redução de 48% na oviposição em plantas tratadas. Os pulgões tiveram maior crescimento populacional em plantas não tratadas, ocorrendo redução de 63% no seu desemprenho biológico nas plantas com SoloHumics®.
  • Cana-de-açúcar: Reduziu o desempenho biológico da broca-da-cana-de-açúcar (Diatrea saccharalis), verificando uma redução de 25% no peso das lagartas que se alimentaram das plantas tratadas com SoloHumics®.
  • Café: Cochonilha-branca teve menor preferência por plantas tratadas com SoloHumics® em café arábica, quando soltas na área para teste. O desenvolvimento do bicho-mineiro foi afetado negativamente em folhas de café tratadas com o produto SoloHumics®, a fase embrionária do inseto foi 28% menor em plantas tratadas comparadas com as plantas controle e o desenvolvimento das lagartas de bicho-mineiro também foi afetado negativamente pela aplicação, pois a duração da fase larval do inseto foi 25% menor em folhas tratadas do que em folhas controle. Ainda, as lagartas de bicho-mineiro consumiram 56% menos tecido vegetal de folhas tratadas com SoloHumics® em relação às não tratadas.

 

 

 

Referências bibliográficas

BARROS, J.L.P.; BARROS, V. L.N.P; Trofobiose Como Ferramenta Para O Manejo De Pragas E Doenças De Plantas.  Publicado Abril, 2018. Acesso em 06/06/2024. Disponível em: https://codeagro.agricultura.sp.gov.br/uploads/capacitacao/TROFOBIOSE.pdf

Projeto de Pesquisa: Utilização de Substâncias Húmicas como Indutoras de Resistência de Plantas de Milho e Cana-de-açucar. Universidade Federal de Lavras.

SALES, L. Bactérias Promotoras de Crescimento e Substâncias Húmicas como Indutoras de Defesas Diretas e Indiretas do Cafeeiro Coffea arábica L. à Cochonilha-Branca. Universidade Federal de Lavras. Lavras, Minas Geais, 2020.

SOUZA, L.A.; PEÑAFLOR, M.F.; Resistência de Planta de Café Induzida por SoloHumics® ao bicho-mineiro Leucoptera coffeella. Universidade Federal de Lavras. Lavras, Minas Gerais. Novembro, 2020.

VILANOVA, C.; SILVA, C. D. J.; Teoria da Trofobiose sob a abordagem sistêmica da agricultura: eficácia de práticas em agricultura orgânica. Revista Brasileira de Agroecologia. V. 4, n. 1., p. 39-50, 2009.