MATERIA ORGÂNICA UM COMPONENTE ESSENCIAL DO SOLO

A matéria orgânica contida no solo, ganha esta denominação em razão do carbono principalmente, nitrogênio, hidrogênio e oxigênio que fazem parte de sua composição. É a parte essencialmente rica do solo, proveniente de restos vegetais e animais que sofrem pela interação com microrganismos um processo denominado decomposição que nada mais é do que a sua degradação para partículas menores e nutrientes, representando uma das maiores fontes de energia existentes no solo. Pode-se dizer que se não existisse matéria orgânica no solo a superfície terrestre seria um amontoado de misturas estéreis e de minerais intemperizados, desta forma podemos considerar que a presença da matéria orgânica nos solos se faz essencial ao desenvolvimento de vegetais em sua superfície.

Mas como é formada a matéria orgânica no solo?

A matéria orgânica é formada principalmente pelos resíduos vegetais que são depositados ao solo, onde sua composição varia conforme as espécies vegetais ali dispostas. A principal forma de se agregar matéria orgânica no solo é por meio da utilização de sistemas de cobertura, uma técnica de grande evidência é a adubação verde onde se realizará o plantio da cultura principal. Essa técnica auxilia no fornecimento de nitrogênio protegendo também o solo de possíveis processos de erosão, normalmente ocorre a utilização de leguminosas consorciadas com bactérias fixadoras de nitrogênio e já em um manejo muito trabalhando em culturas como a soja.

A utilização de adubos verdes pode ocorrer das seguintes formas:

Precocemente ao cultivo ou em rotação de cultura: onde o cultivo da planta que será utilizada na adubação verde ocorre previamente a implantação do cultivo principal no intuito de prepara o solo para a cultura que será introduzida na área posteriormente.

De maneira consorciada: O cultivo da cultura trabalhada como adubo verde ocorre em conjunto com a cultura principal onde logo em seguida ocorre o corte do adubo verde e deposição deste sobre o solo sendo incorporado a este, no intuito de promover ou disponibilizar os nutrientes necessários para a cultura principal que podem estar retidos na estrutura do solo.

Cultivo pelo método de faixas: O cultivo de leguminosas perenes ou semiperenese separadamente dos talhões das culturasprincipais onde são regularmente podadas e depositadas sobre o solo acrescendo na disponibilização de nutrientes.

Há também na composição da fração orgânica do solo micro-organismos vivos que não podem ser distinguidos ou separados do material orgânicos morto, além disso Roscoe & Machado (2002), consideram também que podem ser incluídas todas as substâncias que provem da decomposição de plantas aquáticas e terrestre, levando em consideração também as turfeiras,  que são matérias parcialmente decompostos que armazena grandes quantidades de carbono, principalmente em áreas alagadiças com várzeas de modo geral é material poroso, altamente polar com grande capacidade de adesão para metais e moléculas orgânicas polares, esta alta capacidade atrativa da turfa pela maioria dos cátions metálicos em solução tem relação com o alto teor de substâncias húmicas (ácidos fúlvicos e húmicos ), contidos na matéria orgânica.

A matéria orgânica do solo é considerada a fonte principal de carbono dos microrganismos, porém não é todo o carbono contido na matéria orgânica que será transformado em célula microbiana, a maior parte de carbono se perde por CO2 por conta de sua mineralização. De forma prática considera-se o coeficiente assimilatório do carbono orgânico em torno de 35%. Os processos que se iniciam com a incorporação de matéria orgânica fresca e progridem até as formações das frações húmicas (huminas) no solo compreendem a evolução da matéria orgânica no solo caminhando constantemente para um maior nível de decomposição, se há condições físicas, químicas e biológicas para o desenvolvimento deste processo. Tudo compõe um ciclo evolutivo, onde através da fotossíntese as plantas captam o CO2 atmosférico e fixam este no tecido vegetal, através da liberação de exsudados radiculares no perfil do solo, durante o processo de crescimento da planta, parte do Carbono fixado retorna ao solo por via fotossintética. O restante é incorporado a solo pela adição de folhas ou de toda parte aérea da planta, posterior a sua senescência.

Podemos separar as transformações de modo conceituais em dois tipos de processo o de Mineralização ou degradação e o de humificação.  A mineralização da M.O. constitui etapas de perdas pela decomposição de compostos orgânicos no que podemos descrever em duas fases. A primeira que constitui o processo de mineralização primária onde 70 a 80 % da matéria orgânica é transformada em moléculas simples como CO2 e H2O, quem permanecem em baixa quantidade no solo como compostos fenólicos solúveis e compostos lignificados que desenvolveram outros processos posteriormente. A mineralização secundária pode ser compreendida como o processo em que o nitrogênio presentes nas cadeias alifáticas de moléculas orgânicas e pouco condensadas, como ocorre nos ácidos húmicos e Fúlvicos pode ser utilizado no metabolismo dos micro-organismos e após a mineralização primária os compostos fenólicos solúveis e os tecidos lignificados, ainda pouco transformados são estabilizados em processos bio-fisico-químicos que formam então as substâncias húmicas.

Mas afinal o que acontece logo quando depositamos resíduos vegetais no solo?

Logo que depositamos qualquer resíduo vegetal nos solo seja ele aquela leguminosa que utilizaremos na adubação verde ou os restos da cultura anterior, como acontece no plantio direto, esse resíduos são imediatamente atacados pela fauna do solo e em seguida pelos micro-organismos que iniciam a decomposição destes resíduos, sendo que os compostos orgânicos serão fonte de carbono e consequentemente fonte de energia para o metabolismo desses micro-organismos, sendo que a maior parte do carbono é perdida para a atmosfera em forma de CO2 e apenas uma pequena parcela se converte em substâncias húmicas, como bem definiu Stevenson(1994).

Fonte: Fontana (2009).

A matéria orgânica do solo compreende todo o complexo de material orgânico total contido na porção do solo, que inclui resíduos identificáveis das plantas, resíduos animais (esterco animal, farinha de carne e ossos, compostos desenvolvidos por meio de sangue e outros resíduos animais) do solo e micro-organismos, assim como matéria orgânica dissolvida, exsudados e substâncias húmicas macromoleculares.

Caixa de Texto: Fonte: Fontana (2009).Matéria orgânica não viva compreende a matéria orgânica leve, húmus e carvão. O húmus consiste em 70% de substâncias húmicas e 30% de substâncias não húmicas e não são totalmente separados pelos processos tradicionais de fracionamento. Podemos dividir a matéria em fração ativa e passiva, sendo a ativa composta por substâncias húmicas de baixo peso molecular, assim como resíduos vegetais e animais e seus produtos primários de decomposição. As substâncias húmicas e outras moléculas orgânicas intrinsecamente resistentes ao ataque microbiano (lignina) que compõe a fração estável, sendo que estas protegidas por associação com componentes minerais do solo ou por estar inacessível ao micro-organismo, assim como descrito no livro matéria orgânica no solo da Embrapa (Nunes et al., 2015).

De forma resumida podemos compreender que se ocorre a decomposição do húmus, ocorre a perda de estrutura e se decompõe-se restos vegetais, se tem ganho de estrutura.

Como a Matéria orgânica interage com a CTC do solo?

A matéria orgânica pode ser considerada um dos principais indicadores de qualidade potencial do solo, pois interage com diversos componentes conferindo efeitos diretos no que diz respeito a retenção de água, formação de agregados e densidade, capacidade tampão e capacidade de troca catiônica (CTC). Segundo Canellas (2003) a matéria orgânica do solo pode representar entre 20 a 90% da CTC e justamente a matéria orgânica aumenta o potencial tampão do solo pela presença de ácidos fracos (carboxílicos e fenólicos), podemos compreender o poder tampão como a capacidade através da maior ou menor dificuldade em que o solo consegue mudar o seu pH. Desta forma o solo a manutenção dos resíduos vegetais, pode proporcionar maior produção de ácidos orgânicos no solo, por consequência melhorando a fertilidade e a sustentabilidade agrícola.

Referência Bibliográficas:

ROSCOE, R. & MACHADO, P. L. O. A. Fracionamento físico do solo em estudos da material orgânica. Publicações Embrapa Solos e Embrapa Agropecuária Oeste, 2002. 86p.


In: NUNES, R. R.; REZENDE, M. O. O. (Org.). Recurso solo: propriedades e usos. São Carlos: Cubo, 2015. Cap.9

CANELLAS, L. P; VELLOSO, A.C.X; MARCIANO, C.R.; RAMALHO, J.F.G.P; RUMJANEK, V.M.; RESENDE, C.E.; SANTOS, G.A.. Propriedades químicas de um cambissolo cultivado com cana-de-açúcar, com preservação do palhiço e adição de vinhaça por longo tempo R. Bras. Ci. Solo, 27:935-944, 2003.

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